Em meio à pandemia de coronavírus, Amapá enfrentará “desertos” de UTIs.

Lamentável! Não é de hoje que o nosso Estado padece com o descaso de políticas públicas fundamentais para a população. A falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no sistema público de saúde do Amapá pode gerar um cenário apocalíptico neste momento de pandemia da Codiv-19, segundo alerta o Conselho Regional de Enfermagem do Amapá.

A OMS (0rganização Mundial da Saúde) recomenda que, os serviços de saúde programem de 3 a 5 leitos para cada 1.000 habitantes e de 10 a 30 leitos de UTI para cada 100 mil habitantes. Atualmente nosso estado só possui 170 leitos de UTI cadastrados no CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde), destes 91 são leitos SUS e 79 leitos não SUS. Se utilizarmos o parâmetro de 30 de leitos de UTI/100 mil habitantes deveríamos ter em nosso estado 249 leitos de UTI/SUS, um déficit de 158 leitos para as demandas de rotina. Imaginem em dias atuais de pandemia. “Sobre este quantitativo será necessário um número de profissionais de Enfermagem para suprir a demanda de assistência aos indivíduos acometidos pelo novo coronavírus. É sabido que o estado do Amapá possui um déficit de profissionais de Enfermagem para atuarem neste campo de UTI. Para suprir o déficit dos 170 leitos existentes, seriam necessários 2.261 profissionais (52% de enfermeiros e 48% de técnicos de enfermagem) – 1,33 profissional de enfermagem para cada paciente de UTI (Resolução Cofen Nº 543/2017). Porém, em tempos de pandemia estamos adotando a recomendação da RDC Nº07/2012 da ANVISA, 1 enfermeiro para cada 10 leitos e 1 técnico de enfermagem para cada 2 leitos de UTI em um turno de trabalho”. Enfatiza a Presidente do Coren-AP, Dra. Emília Pimentel.

Conforme informações da Sociedade Brasileira de Infectologia (SIB), a estimativa é de que, a cada 100 pessoas infectadas pelo coronavírus, cerca de 5 pessoas precisem de internação em tratamento intensivo. Se este cálculo valer para o nosso cenário epidemiológico não teremos leito suficientes para salvar vidas de pessoas acometidas por Covid-19 em nosso estado, bem como profissionais de enfermagem para atuar na linha de frente.

O nosso Estado, já estar no grupo das seis unidades da federação com mais casos do novo coronavírus por habitante e conta com o segundo menor orçamento do país, e estamos com risco eminente do nosso sistema de saúde entrar em colapso em algumas semanas, por ausência de estrutura, falta de leitos, equipamentos e principalmente por ausência de Profissionais de Enfermagem.

O Amapá estar em uma linha ascendente no número de pessoas infectadas, na última atualização do Ministério da Saúde, e em primeiro lugar no estado de emergência. No último boletim de hoje (20) das 12h30, já somavam 433 casos confirmados. Treze pessoas morreram e há também 728 casos suspeitos, segundo o governo estadual. Destes casos, 52 notificados de profissionais de Enfermagem e 20 deles confirmados com COVID-19, até a última sexta-feira passada. A desigualdade de leitos e do número de profissionais de Enfermagem, bem como o afastamento dos profissionais por acometimento do COVID-19, nos preocupa. Pois são vidas que estão sendo acometidas.

Fonte: ASCOME/COREN-AP

Redação e Imagem: Alessandra Barboza

Colaboração: Dra. Emília Pimentel

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